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Fúria no Inferno Verde - Aventura: Nos domínios do Poraquê


Crônica: Fúria no Inverno Verde
Ano I, 1º Temporada, Quinta Sessão
Sistema: Lobisomem: O Apocalipse (W20)
Cenário: Amazônia, início do Século XIX
Narrador: Glailson Santos
Data: 06/05/2017 (Sábado)

Resumo da Sessão:

Após o embate contra “Colecionador-de-Escalpos”, líder da infame matilha dos Serpent Slaugters, nossos destemidos cliaths decidem cuidar se seus ferimentos e dos preparativos para a jornada umbral em busca de seu futuro totem de matilha, marcando para se encontrarem dentro de sete dias às margens do igarapé do Piri, fora dos limites da cidade de Santa Maria de Belém.

Poeté “Olho-D’Água”, a Theurge, dedica-se a purificação de seu corpo e sua mente enquanto busca reunir informações sobre o Totem junto a seus aliados espirituais. Apoena “Olhos-de-Serpente” visita seu pai e mentor em uma aldeia de parentes no coração da Floresta buscando informações e é presenteado com um enigma sobre o significado da honra para os garou. Kamaporã “Presas-de-Coral”, cuida dos negócios de sua família preparando sua ausência. Enzi parte em busca frustrante pelo misterioso Mocambo do Abacatal. E Galahad e Palavras-na-Escuridão decidem buscar pelos Crias de Fenris da Matilha dos Rastreadores de Malditos, liderados pelo controverso Ragabash “Consolo-das-Viúvas”, uma empreitada na qual são seguidos pelo curioso Atiaya “Une-dos-Mundos”.

Em busca de orientações sobre os desafios que o aguardam, o jovem Filodox, Apoena “Olhos-de-Serpente chega a uma distante aldeia indígena do povo Ticuna, conhecida pela presença de parentes Uktena às margens do Rio Negro, onde encontra o Ancião Filodox, Tabajara “Relâmpago-Submerso”, seu pai e mentor, em uma oca em construção. Relâmpago-Submerso é um Garou poderoso de aspecto austero e palavras tão sábias quanto raras, ele se dirige a seu filho se permitindo demonstrar de maneira vaga o orgulho que têm ao vê-lo assumir o desafio de formar e liderar uma matilha em honra ao Poraquê, Totem ao qual ele próprio, Relâmpago Submerso, foi oferecido ao nascer por seu pai, Moacir “Sombra-da-Castanheira”, avô de Apoena, para selar o pacto entre este poderoso espírito e o Grande Uktena. Ele pergunta ao jovem Filodox: Qual é o significado da honra para um Garou? E diante da resposta de que a honra significa buscar ser justo, leal e confiável, Relâmpago-Submerso lhe entrega um pequeno pedaço de Envira, a fibra usada pelos indígenas para unir à madeira à palha na confecção de suas ocas e parte em silêncio solene, deixando pensativo o jovem Apoena.

Buscando reestabelecer contato com os quilombolas após a revelação de sua natureza Garou, Enzi busca novamente chegar ao misterioso Mocambo do Abacatal, que as histórias dizem resistir e prosperar mesmo tão perto da Cidade de Santa Maria de Belém e do assedio dos capitães-do-mato, mesmo com os sentidos e instintos aguçados de sua forma lupina, o jovem Galliard se vê diante de um imenso desafio para localizar o Mocambo, por vezes perdendo-se na floresta e levando dias para cobrir uma distancia que deveria não custar mais do que algumas horas. Mas ao fim, ele avista um casebre bem aprumado, próximo a uma plantação de mandioca, que surge entre as brumas lentamente dispersas pelos primeiros raios de sol da manhã e é surpreendido pela visão de negros trajando roupas coloridas e adornos de ouro e prata como nas antigas histórias sobre as terras de onde foram seqüestrados seus ancestrais. Ainda inebriado pela visão idílica de fartura e opulência ele se força a deixar a curiosidade de lado para regressar a tempo de não perder o encontro marcado com sua matilha, perguntando-se que o que viu era realidade ou apenas o sonho de quem ainda almeja buscar pela liberdade de seu povo.

Na cidade de Santa Maria de Belém, Galahad “Enfrenta-a-Prata-Afiada”, conta com a ajuda de Palavras-na-Escuridão e Atiaya “Une-dois-Mundos” para ir ao encontro dos Rastreadores de Malditos, a infame matilha de Guerra dos Crias de Fenris. No porto da cidade eles são surpreendidos pelo Adren Ragabash, Consolo-das-Viúvas, o líder dos Fenrir, que explica à Galahad sobre como o trafico de escravos é um negocio lucrativo para prover seus parentes e que não cabe aos Garou questionar como os humanos decidem tratar seus iguais, entre homens ou feras vencem os mais fortes e os fracos se submetem, e a força nem sempre é uma questão meramente de músculos. Ele adverte sobre a fama de traiçoeiros daqueles que se esgueiram nas sombras como serpentes, os Uktenas, e ressalta o fato de que mesmo observando as tradições ao anunciar sua presença e pedir passagem à seita local e até mesmo lhes oferecer um filhote perdido como presente a seus anfitriões, foi escorraçado do Caern como um criminoso. Ele então convida Galahad e Palavras-da-Escuridão para se juntar aos Rastreadores de Malditos e conhecerem seitas mais acolhedoras ao sul e ao leste do Grão-Pará, mas sua oferta é gentilmente recusada. Ao despedir-se ele reconhece a Honra e o potencial de Galahad, como um verdadeiro Cria de Fenris, mas o julga um tolo por se manter leal a uma Seita que nem sequer aceita genuinamente sua presença.

Assim, passados os sete dias desde a queda de Colecionar-de-Escalpos, nossos Cliaths encontram-se no local marcado para serem guiados por Poeté em sua jornada em busca do Totem da Matilha. A jornada tem inicio com Poeté realizando um ritual de purificação em todos os presentes e os convidando para saudarem Gaia na imagem do Orixá Nanã, a senhora da lama primordial de onde surgiu toda a vida, através de cânticos e danças marcadas por palmas e o toque cadenciado do berimbau de Enzi “Rompe-Correntes”, o Galliard.

É só após estas providências que todos são conduzidos por Poeté à cruzarem a película. Mas logo que se vêem na Penumbra, são atingidos por uma repentina tempestade, onde ressoam terríveis trovões e cintilam poderosos relâmpagos e gotas pesadas atingem a pele de suas formas hominídeas como as picadas de um enxame de carapanãs.

Um raio atinge Palavras-da-Escuridão, deixando para trás apenas uma clareira no mato alto que logo se converte em uma poça de lama com a água da torrente. Inicalmente a matilha dividi-se na confusão, com alguns desejando buscar por Palavras-na-Escuridão e outros tentando manterem focados na missão que é a busca pelo Totem Poraquê. A chuva torrencial torna o espelho d’água formado pelo reflexo umbral do igarapé do Piri uma turbulenta malha de respingos, aparentemente bloqueando uma passagem para o Reino Umbral do Poraquê na Umbra Rasa. Todos parecem um pouco desorientados, até que Kamaporã, mudando para a forma lupina e genuinamente preocupada com Palavras-na-Escuridão, apesar de toda a desconfiança que nutre em relação ao Senhor das Sombras, decidir em uma tentativa desesperada seguir o rastro de seu cheiro mesmo em meio a chuva torrencial.

Seus sentidos aguçados a levam até a poça formada pelo raio que fez desaparecer seu companheiro de matilha, e lá ela percebe que as gotas fortes da chuva parecem ser absorvidas pela superfície espelhada da poça, impulsiva ela mergulha na poça de água imediatamente, apesar dos protestos de preocupação de Apoena. Todos então decidem segui-la.  

Eles então se veem emergir na superfície de um grande rio, onde não é possível avistar as margens, mas apenas a linha do horizonte que em todos as direção demarca o que parece ser o encontro da superfície das águas com o céu ainda nublado e carregado de nuvens escuras. Dessa vez os olhos sagazes de Apoena e Galahad avistam algo que reluz nas profundezas e quase todos decidem mergulhar para ver do que se trata. Em seu afã, Apoena engole água e parece se afogar, mas é ajudado por Poeté. Galahad e Kamaporã tomam a dianteira e mergulham na direção da imagem reluzente que revela-se um imenso e imponente Poraquê que nada em volta de Palavra-na-Escuridão, aparentemente desacordado.

Na superfície, Enzi, o Galliard Uktena, tem uma epifania ao perceber como se torna difícil distinguir o céu de seu reflexo na superfície do rio, separados apenas pela tênue linha do horizonte. Mas é quando Galahad toca Palavras-na-Escuridão, desejando com todas as forças trazê-lo para a superfície que algo extraordinário acontece, o que antes era “para baixo” torna-se “para cima”, o rio se torna o céu e o céu agora é o rio. Os membros da matilha que estavam mergulhados nas águas turvas agora se vêem flutuando no ar na companhia de majestoso Poraquê e Enzi, embasbacado, se vê de repente com a parte superior do corpo mergulhada nas águas turvas que substituíam o que um segundo antes era o firmamento.  

É quando o Poraquê então assume a forma de uma imponente guerreira indígena e toma a palavra com uma voz que ressoa profunda como um trovão:

“Eu sou aquela por quem vocês procuram, e conheço e reconheço Apoena ‘Olhos-de-Serpente’, filho de Tabajara Relâmpago-Submerso e neto de Moacir ‘Sombra-da-Castanheira’, assim como Poeté ‘Olho-D’Água’, Kamaporã ‘Presas-de-Coral’ e os filhos do Grande Uktena, Atiaya ‘Une-Dois-Mundos’ e Turuna ‘Rompe-Correntes’. Mas me digam, porque eu deveria aceitar conferir minha benção a dois Estrangeiros da Wyrm cujas tribos e ancestrais fizeram tingir do vermelho do sangue nativo as águas do Grande Rio?”

Apoena então discursou, usando toda a retorica que se espera de um Meia Lua, recordando o papel cumprido por Galahad e Palavras-na-Escuridão na proteção de Une-Dois-Mundos diante da ameaça que representaram os Serpent Slaugters. E ao fim de seu discurso, Galahad expôs com orgulho o Glifo de Honra que havia obtido pelo reconhecimento de “Consolo-das-Viúvas”, o que pareceu suficiente à Guerreira Poraquê, porém não lhe pareceram suficientes os três glifos de Honra que exibia Palavras-na-Escuridão, como o Cliath Filodox, e então exigiu o Espírito:

“Pela confiança que despertou em seus companheiros estou disposta a conceder-lhe a minha benção, Palavras-na-Escuridão’, Filho do Avô-Trovão, mas apenas se diante de mim prometer jamais derramar o sangue de um filho do Grande Uktena, só assim, e enquanto manter sua palavra, poderá contar com minha benção”. E assim foi feito.


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