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Wild West - Aventura: Vingança Ancestral


Introdução

A imensa embarcação negra mal se mexia, a despeito dos fortes ventos que assolavam o porto improvisado nas bordas do “novo mundo”. Ao longe, um lobo solitário uivava para a lua cheia, como se clamasse por ajuda dos céus. Ela nunca veio. — Vamos logo, quanto antes partimos, melhor... O homem estava impaciente, andando de um lado para o outro sobre as tábuas de madeira mal colocadas do “cais”. Ele podia sentir o cheiro do perigo ao longe, estava nessa vida à muito tempo, muito mais que qualquer um que conhecia... Pelo menos qualquer mortal. — Estamos indo o mais rápido possível, meu lorde. Mas a carga precisa de cuidados, senão corremos o risco de perdê-la no caminho de volta. Suspirou. A “carga” estava quase completamente carregada nos porões do Tubarão Negro. Faltavam poucos. —E por que este aqui não foi carregado ainda? Apontava para um corpo estirado no chão, cheio de sangue, marcado da ponta dos pés até a raiz do cabelo. Com certeza não suportaria a viagem de volta para a Europa. Seu mestre não ficaria nem um pouco feliz. — Meu senhor, esse daí tentou fugir, apenas demos uma lição nele, você sabe, para servir de exemplo. É apenas um dos selvagens, com certeza não fará falta, temos muitos. “Servir de exemplo”, sim, ele precisava de algo para servir de exemplo. Por uma fração de segundo, se concentrou no sangue ancião que corria em suas veias, o sangue de seu mestre. Logo, seus músculos saltaram com tanto poder, como um deus despertando de sua casca mortal. Os outros servos viram apenas uma sombra, um rastro de fumaça. Deram-se conta apenas quando viram capitão do grupo de caça sendo erguido a um metro do chão, como se fosse um boneco de pano. — Então aqui vai um exemplo para vocês, meus caros. Eu não quero perder mais nada. A carga tem que chegar intacta até nosso destino. Fui claro? Os olhos do capitão imploravam por entre as tentativas de respirar. Durou apenas um segundo, até o som do pescoço quebrando ter preenchido os ouvidos assustados dos outros trabalhadores. — Fui claro? Não escutou mais nenhuma palavra àquela noite. A perda de um espécime como aquele ainda o perturbava, seu mestre não ficaria nada feliz. Tentou se afastar do corpo moído de ferimentos do nativo. Se os ferimentos não o matassem, logo os predadores da noite o fariam. Mas, antes que pudesse sair, sentiu algo em seu pé, alguém se agarrando a ele como alguém se agarra a vida. — Você sabe que vai morrer. Eu posso facilitar sua passagem, se é isso que quer. Chegou a lançar um olhar de pena ao nativo. Os caçadores disseram que lutaram bravamente, e que alguns até preferiram morrer a ser capturados. Este, como disseram, foi o que lutou por mais tempo, chegou até a matar um dos caçadores. Uma pena. Mas havia algo no seu olhar, algo por baixo dos machucados e do sangue, que dizia que ele não iria morrer. Um ódio concentrado, sincero e incandescente, que não era comum de se ver mesmo em pessoas naquela condição. O lobo solitário uivou novamente, desta vez mais perto. — Eu não acredito que tenha tido tanta sorte, mas você me parece que é um deles. Já lutei várias vezes contra sua raça para saber. Está nos olhos, no fundo da alma. Se você tiver sorte, vai viver para ter sua vingança, mas o que te espera é pior que o inferno. Reze para morrer na viagem, filho. Com apenas uma mão, colocou o jovem índio nos ombros e o carregou navio adentro. Não podiam perder mais um minuto sequer, se quisessem sair vivos daquela terra esquecida por deus. Os lobos estavam muito perto, e agora sabia o motivo. Seu mestre ficaria feliz com o presente...

Durante a descoberta da América, muita coisa foi roubada e pilhada do mundo novo. Alguns vinham em busca de ouro, outros de especiarias, e muitos atrás de escravos. Mas existia outra mercadoria muito valiosa em certos círculos: sangue. Alguns vampiros anciões pagavam verdadeiras fortunas pelo chamado “sangue exótico”, movendo verdadeiros mercados negros de nativos americanos. Alguns inclusive incumbiam seus próprios criados em tais tarefas, para garantir a qualidade e segurança de cargas tão preciosas. Em uma dessas cargas havia algo mais exótico do que o sangue dos nativos. Havia um Garou, ou melhor, um filhote, que ainda não havia passado por sua primeira mudança. Um Garou que, séculos no futuro, se tornaria o maior legado da nação, o último dos Croatan. Vingança Ancestral – é uma aventura exclusiva do Rage Across Brasil para Werewolf: Wild West.

Plot da Aventura

Entre os vários escravos adquiridos por um ancião Tzimisce, estava um filhote que ainda não havia passado pela primeira mudança. O vampiro ancião, a despeito dos avisos de seu fiel carniçal, colocou o jovem junto com seu harém de sangue, uma sala onde seus convidados podiam vir e apreciar o sangue exótico de nativos americanos. Tudo foi bem até que, em uma noite de lua cheia, o filhote tem sua primeira mudança. Levou algum tempo para que o ancião conseguisse dominar a fera, mas não antes de todos os seus servos jazerem mortos no chão. Qualquer vampiro, naquele momento, tomaria a decisão mais sensata: matar a fera o quanto antes. Mas o ancião Tzimisce queria mais. Viu naquela besta de fúria e garras uma arma mais letal que qualquer outra e, ao final da noite, tomou a decisão que seria sua ruína. Abraçou o filhote. Por dias o jovem agonizou, tentando expurgar o sangue pútrido de seu corpo, rezando por uma morte rápida. Ao final do terceiro dia ela veio, mas não a morte que ele desejava. Seu corpo esfriou, seu coração parou de bater. Sua alma se foi. O que restou foi um monstro sugador de sangue, sem um pingo de vontade própria. Um boneco, um brinquedo para um vampiro sádico. Por décadas o ancião abusou de sua nova cria, moldando-o em sua arma perfeita. A união entre a fúria dos lobisomens e o poder da vicissitude foi perfeita. A cada dia o monstro ficava mais forte e mais perigoso. Várias e várias vezes o filhote olhou no fundo do abismo de sua alma, contemplando se valia ainda a pena continuar. Por vezes pensou em retirar a própria vida, apreciando um ultimo nascer do sol. Mas um único pensamento, uma ultima vontade, fizeram com que ele se agarrasse a vida com garras e presas. Ele iria ver sua terra natal uma última vez. Veria os campos onde nasceu, veria sua família novamente, e, por fim, morreria pelas mãos de seus irmãos. Seu sangue retornaria a terra e, com sorte, a mãe de todos o perdoaria pela abominação que havia se tornado. Então, ele esperou. Esperou e se tornou o discípulo que o ancião queria a arma de destruição que tanto almejava. Foi obediente e leal, aprendendo tudo o que conseguia, e levando a morte e flagelo onde o dedo de seu mestre desejasse. E esperou. Os anos se tornaram décadas, e as décadas se tornaram séculos. Logo, o filhote era um dos vampiros mais poderosos da região. Seu mestre não poderia estar mais feliz e confiante, pois não havia nenhuma ameaça a seu reinado. Para comemorar o dia em que havia abraçado o filhote, resolveu dar uma festa para todo o principado, demonstrando seu poder e superioridade. Naquela noite, a abominação invadiu o quarto do ancião com todos seus inimigos, e o destruiu com as próprias garras. O plano seguiu perfeitamente, os outros vampiros foram mais fáceis de manipular do que havia pensado. E matar o ancião foi mais prazeroso do que imaginava. Agora, era o herdeiro único de uma fortuna incalculável. Por dois anos, planejou sua volta para casa. Um navio próprio para leva-lo, uma tripulação preparada e, claro, suprimentos. Pagou uma pequena fortuna por todos os descendentes dos escravagistas que o trouxeram até ali. Passaria meses sentindo o prazer de extinguir a linhagem de todos os que lhe fizeram mal. A viagem em si foi tranquila, até os mares colaboravam para sua volta. Logo veria sua terra natal novamente, algo que por centenas de anos sonhou. Por precaução, se disfarçou de um “investidor” estrangeiro, comprando terras e propriedades no mundo novo. Logo, usaria o dinheiro do homem branco contra ele mesmo e, com sorte, o expulsaria de suas terras. Sua primeira noite na terra natal foi a melhor da sua vida. E a pior. Ele descobriu que sua tribo, sua amada tribo, não existia mais. Tudo que amava tudo que sonhara que mantinha sua alma intacta havia desaparecido, para sempre. Agora, mais do que nunca, se sentia sozinho, desamparado... Uma verdadeira abominação. Pensou em assistir o amanhecer daquele dia, mas algo dentro dele mudou. Algo negro, que havia sido reprimido por anos, veio aflora, tomando conta de qualquer pensamento. Ele veio em busca de vingança e redenção. E ele teria sua vingança... 

Personagem

A abominação não tem nome de propósito. O que ele era antes morreu quando o ancião o abraçou. Todos os nomes que ele usa agora são irrelevantes, apenas máscaras que usa para interagir com o mundo mortal. Ele possui apenas um propósito: se vingar de todos os Garous. Sejam os invasores, por terem trazido a Devoradora de Almas, sejam os nativos, por permitirem que seus irmãos se sacrificassem sozinhos. Mas, o que o torna mais perigoso: ele possui recursos e paciência. Este é um vilão para uma campanha de Wild West, um tipo de Lex Luthor. Ele nunca vai atacar os jogadores diretamente, preferindo artimanhas e armadilhas. Não vai medir esforços para atacar as famílias ou qualquer parte vulnerável que encontre. E não vai mostrar piedade. No final, tudo o que ele quer é uma morte digna nas mãos pelas mãos de seus irmãos. Mas, até conseguir isso, muitos sangue já terá jorrado. 

Ficha: A critério do mestre, esse é o tipo de vilão para toda uma campanha, poderoso o suficiente para dar muitas dores de cabeça aos seus jogadores e o qual você pode conceder inúmeras vantagens que façam realmente frente ao seu grupo de Garous.


Aventura e Personagens criados por: Netão
Revisão: Pride

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